22.7.06

Um problema de ego


Não que eu também não tenha ego.
Mas o hiper-egocentrismo é um super-problema.
Pessoas com hiper-egocentrismo me irritam mais do que as com baixa auto-estima.

Elas adoram – ADORAM – falar de si mesmas. Li um livro onde a escritora dizia que “não há nada mais maravilhoso e interessante para os homens e as mulheres extremamente bonitas do que falar deles mesmos”. Mudaria nesta frase apenas a parte da mulher, já que não é necessário ser extremamente bonita para viver falando sobre si.
Sei lá, falar sobre si mesmo é normal, até bom. Afinal, eu escrevo nesse blog sobre mim a semana toda e ninguém me xinga por isso. Mas tentar convencer as pessoas de que não existe pessoa melhor do que você, pelo amor!

Tenho na minha cabeça milhões de registros de hiper-egocentrismo que passaram pela minha vida. É uma coleção um pouco nojenta, que eu só mostro por completo para pessoas de estômago forte.
A pior até hoje foi uma modelo que sentou do meu lado no metrô, sem que eu disesse uma palavra, falou:.
- “Não sou modelo. Só porque eu sou bonita e tenho olhos azuis, não quer dizer que eu tenha que ser modelo. Faço apenas trabalhos de modelo e eventos, mas na verdade sou atriz.”

Para muitos, essa fala não quer dizer nada. Provavelmente alguns cairiam na armadilha, continuariam a conversa profunda sobre como a cor dos olhos azuis dela combinam com o sol do cenário da próxima novela das 8. Ela venceria e ainda sairia jogando cabelo, e fingindo que não te conhece, porque afinal, você é mortal e ela soberana.

Ela realmente era bonita, mas o problema não é esse. Ela poderia ser a mulher mais feia do mundo. Mas diria algo parecido, mudando apenas os adjetivos. Massagear o ego é um vício, tipo coceira em mordida de pernilongo. Não acaba a coceira nunca. Não devemos dar atenção para esses assuntos e assim alimentar o vício delas, e muitas vezes o nosso, de viver nos rebaixando a todos.

Algumas pessoas vivem me animando, por acharem que eu me deprecio demais. Na verdade eu sou viciada em mim, e casaria comigo sem pensar se fosse outra pessoa que me conhecesse tão bem quando eu queria me conhecer. É que eu sou uma ex-viciada. Tinha um hiper-egocentrismo do tamanho da estátua da liberdade. Então, para não amolar as pessoas com o meu papo egocêntrico, eu falo sobre outros coisas, evito de falar de mim demasiadamente (a não ser nesse blog, já que vocês podem parar de ler a hora que quiserem) .

Todo mundo tem um lado insuportável. Esse é o meu e o de muitas pessoas. Mas não precisamos mostrar o nosso lado péssimo para todo mundo, toda hora. È bom conhecer outras coisas, ver que nem sempre somos o centro.
Avante Narcisos!! Vamos quebrar os espelhos e olhar para os outros de vez em quando.