5.8.06

Os inícios e os fins

A mulher sentada na mesa ao lado da minha chorava.
Mais que chorava, ela sofria muito, chorava com todo o corpo, baixinho e discretamente. Ofuscava tudo sem perceber.

O homem ao lado dela, pelo jeito motivo do choro, consolava-a como uma estranha. Não a amava mais, com certeza. Ele era como alguém que dá esmolas para um mendigo.

Meu café esfriou vendo a cena. Ela socou meu estômago e doeu ver a dor dela.
Quem nunca chorou em público.É sempre mais melancólico do que chorar sozinho.

O fim acaba com qualquer um.
Me lembrei quantas vezes eu chorei antes, e quantas pessoas eu fiz chorar no fim. Sempre tem alguém que chora no fim.

O final de algo é começo de outro. Não se sabe começo nem fim do que, mas é sempre assim que parece funcionar. Ai agente enfatiza o que convém. Por exemplo “ Terminei meu namoro, estou acabada” .
Já tentei enxergar o fim como algo bonito, mas não deu. Eu choro em todos os fins de ciclo, bons ou ruins, não importa. São fins independente de qualquer coisa.

Já os inícios são mais simples. Eles são a chuva, depois que para e fica o silencio no ar.
Inicios são bonitos, mais coloridos que os fim constumam parecer. "Ela se salvou do acidente, está começando uma nova vida!".

Ai volto a observar a Mulher da mesa ao lado. Ela foi ao banheiro, enxugou as lágrimas e retocou o batom. Se despediu do estranho de longe, e saiu pisando forte e fazendo o barulho do salto alto no chão. Estava começando um ciclo para ela.