18.6.06

Eu e a parada gay

(Foto: A pia da minha casa, essa foto me lembrou o brilho da parada)

A parada gay é de longe o acontecimento mais cool em São Paulo. Evento melhor organizado e mais lindo não tem. Não, eu não fui (pelo menos não propositalmente).

Estava indo para Taboão da Serra e passei pela avenida Paulista.
Já na estação azul o metrô, estava tudo lotado. As pessoas gritavam muito.
Uma transformista vestida de "abelhinha", com 1,80 de altura bateu com a asa cheia de glitter na minha cara. Eu fiquei com um pouco do brilho dela, e me empolguei com a situação. Teria até ficado na festa se não fosse o Luis me esperando.

Em meio de Penélopes Charmosas, cowboys sem camisa e buás, percebi toda a liberdade que a festa transmitia. Não era só uma festa de "viados alucinados" como um ignorante no ônibus falou. Era uma festa de gente feliz, que bate a mão no peito e admite quem é (nem que seja por um dia).
Não se trata de opção sexual. Trata-se de atitude.

Muitos vão para caminhos errados, achando que é a única saída. Mas isso não tem nada a ver com opção sexual (quantos héteros também fazem isso?).
O que importa é que muitos são profissionais incríveis, pessoas bem-resolvidas, criativas e divertidas.

Podia ser uma idéia.
Um dia para todo mundo admitir quem é de verdade. Os invejosos, os ignorantes, os ridículos, os egocêntricos, os ausentes, todos numa passeata só (eu me incluo nessa, e você estaria lá também).

Acho que não seria tão organizado e colorido como o de hoje. Talvez fosse meio confuso e escuro. Para muitos seria um dia triste, fúnebre. Para outros seria um dia abolicionista. Bem provável que fosse o caos. Mas toda libertação é feita de caos.

10.6.06

Sex or the family?

Meu sonho como cronista sempre foi o de escrever em nome de todas as mulheres solteiras do mundo, para compartilhar os segredos de um bom relacionamento (leia-se ficada, transa, namoro mal-sucedido, ou pacto de sangue).

Sempre quis ser tipo o Mister M, contando tudo que pode e o que não pode. Mas eu nunca vivi "la vida loca", o que complica só um pouco os meus planos de ser Carrie Bradshaw.

A verdade é que quando eu tinha vontade de ser "pegadora", eu era inocente demais para isso. Ai quando eu tive idade, dinheiro e trabalhava em uma agência de modelos (carne linda e fresca á vontade) para completar meu sonho, me casei com o meu namorado (E estou feliz com isso, não estou reclamando amorzinho ...um beijo, te vejo mais tarde!).

Queria pegar vários homens, usá-los e jogá-los fora como trapos. Não estou falando de ficadas em balada, mas sim de ter P.A.s por todos os cantos, “fontes” como chamamos no Jornalismo. Nunca consegui, já que fiquei amiga de todos eles (pecado mortal das pegadoras). Até hoje minhas “tentativas de P.A” me ligam no meu aniversário, mandam
E-mails dizendo que sentem saudades da amizade e mandando um abraço para minha mãe.

Comecei a beber aos 17 anos em Florianópolis, numa viagem de formatura, onde passei 1 semana regada à Vodka até no café da manhã. Parei de beber assim que voltei de lá, e hoje bebo uma tequila a cada seis meses (e olhe lá, meu estomago não anda agüentando nem Coca- Cola mais).

Conheci o meu namorado numa balada, na última vez em que bebi além da conta e quis dar uma de “I’m free”. Hoje sou melhor decoradora de ambientes do que conselheira de balada. Não me pergunte sobre os relacionamentos e seus problemas. Eu só conheço um, e ele está perfeito agora, logo falta experiência para falar sobre isso com desenvoltura qual Sex and the City, meu ex -seriado favorito (agora meu seriado favorito é Will and Grace se querem saber).

Se quiser um conselho bom vindo de mim, me pergunte onde comprar um faqueiro bonito e barato. Posso te ajudar a escolher uma boa cortina ou te passar uma receita de bolo. Posso te ensinar a ser feliz com você mesmo e como viver bem com outra pessoa.
Não que isso seja ruim ou bom, nunca ter tido transas casuais tipo “foi bom, te ligo um dia desses...”. Pelo contrário, é ótimo não precisar do Néon, da maquiagem de da música alta para estar satisfeita com o mundo e comigo. Como baladeira, sou boa mãe de família, boa estudante nerd de jornal e isso basta.

9.6.06

A Copa do Mundo

Sim, sou brasileira...mas eu confesso...Odeio a Copa do Mundo!
Argumento... para não ficar cansativo, resolvi escrever em tópicos.

1- Para começar sou um E.T. no Brasil, já que não tenho uma camiseta verde e amarela (se algum E.T. me mandar um e-mail dizendo que tem uma, eu reescrevo o tópico).

2- Mas há 2 semanas as ruas estão fechadas por vontade de seus moradores, que não param de pintar caricaturas do Ronaldinho no asfalto e colocar fitinhas nos fios (fitinhas essas que ficarão lá até a próxima copa, já que todo mundo ajuda a colocar, mas ninguém tira). Pior: ainda fazem cara feia quando você vem tranqüilamente passar com o carro pelo caminho que faz todo santo dia!

3- Ai vem os jogos: se o Brasil ganhar vira pancadaria. Se o Brasil perder vira pancadaria. Isso é tão lógico que todo mundo (menos eu e o meu namorado, claro!) é dispensado mais cedo.

4-Vem também os vizinhos, que usam o jogo (não importa o resultado) como desculpa para um pagode com cerveja que vai durar até às 5 da manhã do domingo, esquecendo de depois do domingo vem a segunda (que já é ruim, pior ainda sem uma noite decente de sono).

5-A mídia só fala de copa. Juro que vi como manchete principal de um jornal importante de São Paulo "As bolhas do pé do Ronaldinho". O que eu tenho a ver com isso!!!!!

6-Até no programa da Ana Maria Braga houve um link na Alemanha. Só falta ter notícias da copa no programa da Xuxa e no culto da Universal.

7-Cerveja mais cara. Eles dizem que é por causa do rótulo verde e amarelo. Ta bom!....

8-Eu nunca entendi qual é a função do ”bandeirinha" em um jogo, se o juiz nunca leva em conta o que ele fala.

9-Nunca entendi o que é um impedimento.

Não sei bem como vai ser, posso até entrar na febre de copa um dia (ou não).
De qualquer forma, se Deus é brasileiro, ele sabe bem que se o Brasil perder o pais explode...e se ganhar, explode também.

A Senhora do Vagão


A senhora que entrou no vagão do metrô agora me incentivou a escrever coisas sobre aqueles que como ela não sabem de nada. E quem sabe?
Ela está apresa à uma casca que mal a deixava caminhar ereta. Sentou em um dos bancos especiais. Talvez fosse louca, quisesse morrer ou pudesse voar.
Como nós, ela é torna. Eu também me sinto desajeitada dentro de mim, como uma roupa apertada, que prende os movimentos.
Somos a nossa própria camisa de força. Somos algema e coleira. A bola de ferro que prende meus pés é feita do meu ego e da minha bobagem. E a sua, é feita do que?
Eu sou bípede. Mas quero ser trípede, porque além das minhas pernas busco que a minha mão direita, apoiada na caneta me movimente e me guie. É dela que brotam gritos , contos, e paixões. E você, o que você quer ser? E o que te impede? Você mesmo provavelmente.
É mais fácil do que parece se libertar. Comece agora então...

5.6.06

Cultura de quem?!?!

O eufemismo nas revistas existe para confundir/amenizar seus leitores.
Casa nunca é feia, é "exótica". E assim por diante; "Careta" vira "tradicional", minúscula" vira "aconchegante" etc.
Na política , o eufemismo tem o mesmo sentido confundir/amenizar que nas revistas. A diferença é que se a casa do “fulano” é bonita ou feia, isso é um problema dele.
Mas se estamos sendo enrolados e roubados, a coisa muda um pouco de figura. Agente tem que parar de amenizar tudo na vida! Pobreza é pobreza, miséria é miséria, roubo é roubo! E tudo isso não é bom.
A tv chama acostumou a dizer “corrupção” no lugar de furto, “classe baixa” no lugar de gente que passa fome e vergonha, “cultura popular” no lugar da falta dela.
O que é cultura popular afinal? É morar em favela, ser chamada de cachorra, não ter emprego, comprar uma TV em 80X só para ver a Copa do Mundo e se enforcar ainda mais?! Essa não é a cultura que o Brasil merece. Não tem nada ver com a Carmem Miranda, com Noel, com Machado de antes.
Eles sim são minha cultura. Nossa cultura. Clarisse Lispector, Tom Jobim, Chico Buarque. Isso sim é brasileiro.
Futebol também é brasileiro. Não que eu não acompanhe a copa, que não torça pelo país. Mas não é cultura como dizem por ai. Futebol é o pão e circo romano nos tempos de hoje, e temos que enfrentar essa realidade.Nosso país é movido à pão e circo!
O eufemismo venda nossos olhos e tenta amarrar nossas mãos. Mas não consegue amarrar toda uma população. Somos cúmplices do nosso cárcere.