5.7.06

O barulho do susto

Me lembro. Estava comendo balas de goma. O Carro em um minuto começou a deslizar, como se estivesse no gelo. Nós, que ouvíamos “Búfalo Tom” no rádio, ouvimos os barulhos confusos dos pneus. O Vidro da frente voou, e o muro da rodovia crescia na minha vista. Não sei bem tudo o que pensei. Abracei o Luis com toda a minha força, para assegurar que ele não se machucasse e fechei os olhos torcendo para acordar do pesadelo. Mas não era pesadelo.

Foi num domingo meio chuvoso. A tia do Lú foi levada para a o hospital e eu fui com a ambulância para acompanha-la. O Guincho já estava lá, meu pai vinha para ajudar com o carro, estava tudo sobre controle. Menos eu. Chorei muito no corredor da emergência só de pensar no que poderia ter acontecido. Me senti frágil, fraca demais, sem controle sobre a minha própria existência...Chorei de vergonha por me esquecer tantas vezes de agradecer pela vida. Chorei pelas vezes que eu fui egoísta, e por todas as pessoa que são importantes, e que não sabiam disso.

Vergonha. Nós corremos, a vida toda atrás de mais dinheiro, sucesso ou coisa que valha. Igoramos o mundo ao nosso redor, imaginando que ele estará sempre disponível. Passamos por oportunidades de ajudar os outros e a nós mesmo, oportunidades de sermos felize. Mas nessa hora, percebi como isso não vale nada. A nossa vida é frágil demais.
De que adianta conquistar um império, se nós não percebemos que a maior conquista já temos, e é a nossa vida.

Estão todos bem agora. Tirando as dores no corpo, que me fazem lembrar que eu sou feita de carne e osso (mais osso que carne, já cansei dessa piada boba...). Mas uma coisa é certa. O barulho de um susto faz agente acordar para o que é realmente importante.